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Thursday, August 22, 2024

ARES DA LWANDA

Amo-te
Quando olho
10cartado
Tinta vencida
Pelo tempo verdugada no topo
Acasalam-se casebres
Mente minha
De ideias,
Calva
Quebram-se-me falanges
Na lwa q'anda invisível!

Sunday, June 30, 2024

BARCA PERDIDA

Vagueia
Sob vento que se espreguiça
Vagueia canoa perdida
À procura de faina
Num mar extenso
Vagueia barca esquecida
Dum homem faminto
À procura de peixe que escasseia
Vagueia vento humedecido
Do largo Índico chamando homens à labuta
Vagueia vida adormecida na canoa
No tempo perdida!

Sunday, February 18, 2024

CIRCOALIMENTANDO

Repleto

Furioso

Pachorrento

Tudo arrasta

Nem mãe, nem madrasta

De tudo se aboleta

Até borboletas à Kyanda oferece

Sem que de ninguém cobre preces

É o Kwanza, na sua majestade!



Monday, November 27, 2023

CHOVE PAÍS ADENTRO

Que venha comida 

Dos rios fartura

Depois relva e caça

Que homens venham

Com ideias-máquinas e construam 

Estradas também!

Tuesday, August 29, 2023

O MAR

O mesmo Atlântico que nos banha

Abraça

Doces e salgadas piscinas

As mesmas

Que temos secas e rotas 

Em terras distantes do mar!



Friday, June 30, 2023

A ÁRVORE E A OBRA


(Pedra Escrita)

Obras de sonhador
Árvore, primeiro,
Para sombra e fruta
Obra
Para frutificar conhecimento
Crescem juntas
Uma alongando-se, a árvore
Rezando
Que no tempo obra se atrase
E na entrega se igualem
Aos 4 anos:
Árvore frutífera e obra prolífera
Vamos ter biblioteca e cajá-manga!


Thursday, June 01, 2023

NGA BALUMUKA

 Raiou o sol

Larguei o lençol e

Peguei o anzol!

Friday, May 05, 2023

ERGUET'Ó

De novo

Longe do cobertor

Sem tempo para iniciar descanso

Jamais para terminar sono

E, acordado, sonho

Erguet'homem!

Grit'empilhado o trabalho

Sunday, April 02, 2023

UM PASSARINHO NA BUNGAVÍLIA

Txe, txe, txe

Saltita pequenino

Celeste, passarinho

Do quintal, visto magrinho


Txe, txe, txe

Da palmeira do vizinho

Voa, à bungavília, curtinho

Espraiando-se ao sol amarelinho


Txe, txe, txe

Fecunda, de pianinho

Flores vermelhas e tons branquinhos

Atraindo outros bichinhos


Txe, txe, txe

Olho adiante

Há no caminho mulher andante

Um seio papaia, outro abacate


Txe, txe, txe

Com abacate alimenta 

Com papaia abebeira

No futuro há epopeia


Txe, txe, txe

Não é dela que celeste canta

Mas sua beleza encanta

Homem que decanta


Txe, txe, txe

Água rara no incerto

Caminho longo no deserto

Desafiando vida curta do insecto


Txe, txe, txe

Alegra-se a bungavília 

Que fecundada alarga família

Com o pólen que o azul polvilha.

Saturday, December 03, 2022

KWABA KWOSO

Tamanha beleza

Kalumba kuwaba wanga

A beleza da jovem é infinita

Dyala ndemba kala myenge

Os cabelos do jovem se parecem a feixes de cana

Kizwa njila imoxi aditemu

Certo dia cruzaram caminho

Ngalasa nyi ngalasa ate maka

Engraçando-se um pelo outro, iniciaram conversa

Dyala uzwela umona kwenda kwê

O jovem fala e encata-se pelo seu jingar

Kalumba kwenda kala hoha

Um gingar de cabra-do-mato

Kwo pholo a sange lwiji

Um magestoso rio pôs-se à frente

Ngasakidila, bâ!

Muito obrigado!

Kalumba amutabula nyi ujitu

Disse a jovem ao colo levada com carinho

Kuwaba kwa hanga

Beleza impar como galinha de Angola

Dizwi kala dyembe!

Voz melosa com rosa

Kwala kuzeka, nyi kubalumuka!

Há sono e acordar

Kutanga, nyi kumona wê!

Ler e ver também 

Kimenemene kuditemexa,

Amor matinal 

Ngoloxi mbambi!

E frio vespertino

Dyala kumaku,

Vale o homem pela bondade

Muhatu ujitu kalunga!

Delicadez é obra de mulher

Kuzola kwami, kufa!

Meu amor é morte (infinito)

Kusonika kuzwela!

Representar é falar (há coisas indiscritíveis)

Kumona kusonika wê!

Ver é também representar


PS: o poema foi pensado em Kimbundu, daí a dificuldade em encontrar uma tradução fiel.