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Tuesday, December 01, 2015

MANO DÉCIMO





Mona-a-ngamba de nascença

Cedo procurou libertar-se

E conseguiu

Tempos depois

Na moda das tarrafas extra-bairrais

A mona-a-ngamba voltou sem ais

Agredido na honra

Espoliado no suor

Chifrado no sentimento

Jazz Mano Décimo

Ano dez no ralo

Refúgio no submundo é tenda

Há anos trocada pela mansão urbana

Cima a baixo percorre calçadão

E recupera o amigo papelão

Há anos substituído p'lo cómodo colchão

E sobrevive, Mano Décimo

Chifrudo

Sangrento

Esvaindo-se por todos poros

- Bebeu do veneno

Proclama a vilã

- Engordou a cobra com suor

Dispara condoída a irmã

Sem ópio que dor amortece

Nem frasco que tudo esquece

Vive e quase enlouquece

Mano Décimo caminha a leste

Do Kuteka à Irlanda

Carregando o peso do nada

E, aos poucos, desfalece,

Mano Décimo.


In Canções ao vento

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