Mona-a-ngamba de nascença
Cedo procurou libertar-se
E conseguiu
Tempos depois
Na moda das tarrafas extra-bairrais
A mona-a-ngamba voltou sem ais
Agredido na honra
Espoliado no suor
Chifrado no sentimento
Jazz Mano Décimo
Ano dez no ralo
Refúgio no submundo é tenda
Há anos trocada pela mansão
urbana
Cima a baixo percorre calçadão
E recupera o amigo papelão
Há anos substituído p'lo cómodo
colchão
E sobrevive, Mano Décimo
Chifrudo
Sangrento
Esvaindo-se por todos poros
- Bebeu do veneno
Proclama a vilã
- Engordou a cobra com suor
Dispara condoída a irmã
Sem ópio que dor amortece
Nem frasco que tudo esquece
Vive e quase enlouquece
Mano Décimo caminha a leste
Do Kuteka à Irlanda
Carregando o peso do nada
E, aos poucos, desfalece,
Mano Décimo.
In Canções ao vento
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