Translate

Tuesday, December 11, 2007

OUTRA VEZ EU


Sinto ainda o eco da tua voz
dizendo-me quem és,
lembrando-me que queres
nesta distância atroz
A única
Simplesmente

Não interessam os quês
Também não dizes os porquês
Simplesmente exiges
Ameaçando que desistes
E eu
Pensando na tua candura
e na vida que é dura...

Luciano Canhanga

Wednesday, November 07, 2007

TELEFONE TOCOU


Noutro lado uma voz
rouca
Choramingando dor
duma separação forçada

Amor
Já não dá
Nunca disseste verdade
Cansei-me de...

Alô, meu bem,
Pensa bem...

A resposta deste lado
trémula
e velhinha


Luciano Canhanga

Wednesday, October 10, 2007

BALANÇO

Debruço-me sobre a janela e vejo
à madrugada teu corpo
chocolate se espreguiçando na cama
Não tarda
meu sangue corre
minhas artérias rompem
é manhã
E o sol já brinca no quintal
dos odores orgâsmicos o pó
corpos moídos numa noite de prazer
E fazemos balanço...

Luciano Canhanga

Tuesday, September 11, 2007

MINHA PAZ


Que se quebrem os telhados
repletos de gente abaixo

Que esvoace a folhagem arbórea
entupida de aves adentro

Que rolem os rochedos
habitados por canta-pedras

Que se rasguem as montanhas
cercadas de homens tementes

Que se cale esta voz
ofuscada pelo grito ensurdecedor
Jamais cederei à minha paz


Luciano Canhanga

Thursday, September 06, 2007

AQUI II


Quão pesado é este exílio
e tão forte esta saudade

Quão asfixiante é a ausência do teu ar
e tão forte a solidão em horas friolentas

Quão bom é dizer te quero
e duro não te ter

AQUI



Luciano Canhanga

Tuesday, August 07, 2007

HOJE SÓ FALO COM OS BOTÕES


Tarda o sono
Nos sonhos a traição
Nas brincadeiras as ofensas
Na traição os mau-tratos
Na bebedeira o desconsolo
Da gripe Chora a filha acossada
Do silencio parabólico outro pranto
Se choro os risos
Se (dese) canto os apupos
Nos sonhos a alegria roubada
Nos folguedos a tristeza contada
Hoje só falo com os botões
Os meus botões


Luciano Canhanga

Wednesday, July 25, 2007

GRITO DE CARCEREIRO



Dei-te
ao longo desse tempo
Mais tristezas que
alegrias

Mais choros que
sorrisos

Quero
Retomes teu brilho

Renuncio
Não sou teu
carcereiro
a menos que
(de livre arbítrio)
Decidas suportar-me



Luciano Canhanga

Monday, June 11, 2007

NÃO DIZ NADA

Diz apenas que continuamos
ou que acabou
e eu delíro na escuridão!








Luciano Canhanga

Wednesday, May 02, 2007

POR QUE...


Insistimos continuar
Se há mais dor que prazer
e se a tristeza é pão diário
Se minhas carícias são chibatadas
e se inconfidências sobrepõem confidência

Se há mais desconfianças que crenças
e se o homem ideal é apenas uma sombra

Por que insistimos em ficar se...



Luciano Canhanga

Wednesday, April 11, 2007

ENTRE SOL E SOMBRA

Acomodei-me na penumbra
titubeei

Vegeto agora na densa floresta
Vivendo a solidão da secura
Sedenta aguarda-me a lareira
Cá mesmo
Árvores miúdas fazem-me seu estrume
Enquanto vegeto na floresta


Luciano Canhanga, 26/03/07

Tuesday, April 03, 2007

COMO É DURO

Saber que

Há suspiro/gemido por exteriorizar

Um beijo suspenso

(talvez nunca mais se retome)

E um abraço fracassado

Saber que

Já são incaminhaveis

os trilhos desenhados

A diferença é muro

intransponível para coabitar

Como é duro...


Luciano Canhanga, 28/03/07

Monday, March 19, 2007

DIA DO PAI

Luciano boa sorte
Trabalhe bem
Gostei muito por seres meu pai
Feliz dia do pai








Mohamed Mociano Canhanga "Kutimbe"

Friday, March 02, 2007

NO TEU DIA

Tu
mulher que me carregas
e suportas em dias de meiguice amputada
Recebe a flor que não te dei

Neste teu dia
de prantos e choros
pelo calor fugidio na distância

Na recordação desencontrada
uma flor apenas
e a cruz que sou!


Luciano Canhanga

Sunday, February 18, 2007

DALTONISMO


Vivo
todos os dias atrás do sol
para evitar viver
na escuridão da paixão
onde uma cor persiste
A ilusão
!



Luciano Canhanga 28/07/03

Thursday, February 08, 2007

MILIKA


Inconformo-me com o silêncio
que aos cegos parece propositado
pois desconhecem o que vivemos
tu porém,
Sabes que não

Neste inconformismo te mensageio
mesmo sabendo que não a lerás
E como as palavras ao vento sobrevivem
um dia conhecerás o meu coração
e saberás que nele te tive
nos dias de ausência condicionada
Saúde pra ti e nossas filhas


Luciano Canhanga

Sunday, January 28, 2007

CHOVE LÁ FORA


Meu telhado canta

aos gotejos

Teimosa e torrencialmente

Cai e troveja

Não tarda

Os rios se enchem

Os canais transbordam

As casas cedem

Tudo se perde

Homens choram

Chorá-los-emos

Ao findar a chuva


Luciano Canhanga

Tuesday, January 23, 2007

LEMBRANÇA


Tão perto quanto hoje
o aproximar dos lábios
e nossos corpos trementes

Volvidos dias imemoráveis
persiste na pele o arrepio nervoso
e na alma o fechar de olhos
para a mesma vontade
daquela primeira vez

Luciano Canhanga, 16.11.2000

Wednesday, January 03, 2007

ANGÚSTIA


Morreu o ano e com ele a euforia
partilho agora o quarto gélido
com a saudade e o tédio

Morreu a vontade de amar
no escuro perdeu-se o lenço
p'ra tuas lágrimas de prazer
Na luz apenas o surdouvido
p'ros teus gemidos de viagem

Em mim apenas a negação
e a vontade de metamorfosear

Luciano Canhanga