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Wednesday, December 24, 2008

NVULA

Chove
aos gotejos
Torrencialmente talvez
Algures
Não distante outra vez
Casas cedem
Gotejos que sedes matam
Chove
aos cântaros
Feliz canta
o barulhento telhado
a infelicidade do viandante molhado
E chove...

Luciano Canhanga

Sunday, December 14, 2008

UM DIA NA PELE ALHEIA

O pai solteiro é um soldado

que usa como cajado a máquina de lavar

o ferro de engomar

a linha e agulha para recoser

o amparo da galinha

para controlar

O pai solteiro é a mãe

que no cantar se desfaz dos nervos

que no caminhar se descontrai

de aborrecimentos de filhos inquietos

e infâmias de marido alcólatra

O pai solteiro é um ser

igual no género

diferente no fazer crescer

O pai solteiro é um HEROI


Luciano Canhanga

Tuesday, December 02, 2008

LEVANTAR

Resigno
antecipar-me ao Campo Santo
quando filhos reclamam direitos
proporcionados com trabalho digno
Recuso-me
aceitar que pára a vida
quando a jovialidade convida
para passos em corrida
Aceito
Sim desafios
Não importa se enormes
Se me consomem horas a fio

Luciano Canhanga

Saturday, November 15, 2008

LUZ

Se minha vida é obra
Se a obra é universal
Se o universo é humano
Se os homens se alimentam
Se o alimento é também esperança
Aqui deixo o meu pedaço de luz

Luciano Canhanga

Saturday, November 01, 2008

DESPERTAR

Nas noites não dormidas
Na complicação a comprar
(Des)querido por abortar
Penso no que há de vir
Cada vez que fazemos amor
Assim
Custaram tão caras
Minhas noites de amor
Nunca!


Luciano Canhanga

Thursday, October 02, 2008

REJUVENESCER

JHIIIH
Sussurrava excitante tua voz
Ao meu ouvido colado
ESGUIA
Viram-te meus olhos atentos
Naquele encontro à prima-vista
BUM
Cantas hoje à distância
Da saudade moribunda
GIGA
Vêem-te hoje meus olhos
Cegos de gordura importada!

Luciano Canhanga

Thursday, September 25, 2008

CAMINHAR

Entre inúmeros acertos
incontáveis desacertos também
Vida pára!

Entre trabalhos e barulhos
No meio atrapalhos
Pára a vida?

Entre apuros e reflexos
Paragens e silêncios também
A vida não pára!

Entre grosseiros e levianas
Silêncios vociferam êbrios
A vida passeia à frente!

Luciano Canhanga

Sunday, September 14, 2008

CANTO AO CARNAVAL


1
Nossos sonhos
nossas gentes
nossas vidas
sempre adiadas para depois
e o amanhã que é sempre amanhã

Com Angola em paz
nossos filhos querem ver
a sombra eterna dessa árvore
que está crescer
e os frutos lindos dessa flor
a desabrochar
Viva o carnaval

CORO
No carnaval nossa fama
Ultrapassa a capital
Desça à marginal
Viva o carnaval
Nossa cultura popular

2
Na marginal toda a vénia
é só para nós (nome do grupo)
da Ingombota, Cazenga e Rangel
Todo povo Xtá aqui
P'rá aplaudir (nome do grupo)
Dessa vez nosso grupo é melhor
e quem aposta perderá

CORO
No carnaval nossa fama
Ultrapassa a capital
Desça à marginal
Viva o carnaval
Nossa cultura popular

Luciano Canhanga

Tuesday, August 19, 2008

NOVAMENTE

Na hora de partida
A saudade dos que vão
Dos que ficam e
dos que nunca partem

O sabor à madrugada
dos últimos beijos roubados
e os olhares da cunhada
sempre preguiçosos

Na hora de partida
É assim
Ninguém entardece
mesmo engolindo noites


Luciano Canhanga

Thursday, July 10, 2008

"QUANDO VOLTAR"*

Rico de Amor...
Para dar, aos que amo
Febre de aprender...
Com quem sabe!
Pobre de dor...
Já aqui não mora,
a saudade...
que por ti,
um dia senti...


São Sabuguero (em comentário ao poema Regresso)

* Título meu: Canhanga

Sunday, June 15, 2008

CARTA PRA MINH'AMADA

Nesse contrato social

páreo pre-matrimonial

Onde me junto para te realizar

aspirando igual estar

Meus interesses se extrapolam

sugando-te o que não sou

tentando também te completar

e minha mão à palmatória dou

Realizando sonhos que rolam


Luciano Canhanga

Tuesday, May 13, 2008

CHORO DE PARTIDA


Chora minh'alma seca
Calou-se a voz
Titubiante segue sega
nesta vida atroz
Pros nordestinos a voz que se cala
Pras lágrimas o secar da foz



Luciano Canhanga

Thursday, April 17, 2008

DOIS ANOS DE (IN)CERTEZAS


A vida sonhada desanda
A velocidade acordada desagrada
O corpo doi amaldiçoado
Náufrago segue o pensamento dividido
Na longa distância da amada
Nos sonhos o retorno que tarda!

Luciano Canhanga

Saturday, March 15, 2008

REGRESSO


Depois do exílio
Eis-me aqui
Rico de nada
Vazio como papel ao vento
Na mente apenas velhas profissões
(sem importância)
e cursos ainda sem aplicação
(nesta terra)

E agora que estou de volta
Penso no silêncio que vos leguei
Na paz que vos neguei
Nas benesses que não vos dei
E peço:
Perdão porque falhei

Luciano Canhanga

Saturday, February 02, 2008

CÁLICE


Sobre o branco repousa o corpo
sobre a negrura o vermelho
(que gera a guerra)
Daqui há nada a orgia
Nossos encontros são festas!


Luciano Canhanga

Tuesday, January 08, 2008

SEM MEDO


Recrio nos contornos do quarto vazio
as curvas do teu corpo esguio

Das vezes em que nos amamos
reencontro perdidos no chão

Os odores, as roupas e os beijos
dados com paixão


Luciano Canhanga