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Tuesday, December 06, 2016

SATIRCÓPIH

Manhã cedo, iam domingueiros à igreja
(joelho dobrado)
Onde diziam: ser todos irmãos
Minutos depois, faziam-se à embala
(caçadeira ao ombro)
Onde rusgavam preto-objecto em vossas mãos
Assim construístes vossas nações
À custa de sangue e suor alheios
Dizeis hoje: "pretos-sem-noções"
Deixai-nos, não mutilem nossos anseios!
HIPÓCRITAS
 

Friday, November 18, 2016

NÃO SOU MAIS QUEM PENSAVAS


POETA

Eu?

Esquece-me

Fugiu-se de mim a gramática

A mesma que me serviu de escada

Ai, os verbos!

Já não averbo.

Até epitáfio para sobrinha finada

Os versos escapam

 

Forte

Eu?

Tão fraco, frívolo, oco

Só ócio...

Nem ombro pra meu irmão!

Thursday, September 01, 2016

AO ATAQUE SEM TEMOR!

Assalta-me amor

Assim mesmo, sem pudor
Vem firme
Com toda tua fome
Toda tua ira
Toda tua pressa
Toda tua te(n)são
Não me poupes o pescoço
Nem deixes destroço
Asfixia-me no teu beijo metal
Agarra-me num abraço letal
Adentra-me pelo bolso
Assalta-me amor maldoso
 
 
 
 
 
 

01.07.2016

 

Monday, August 01, 2016

ÀS VEZES

Apetece-me contar:
Quantas voltas dei para abraçar
Quantas lágrimas derramei para sorrir
Quantas lutas travei para me afirmar
Quantas solas consertei para beijar
Quantos passos recuei para pular
Às vezes
Apetece-me dizer:
- Filha, luta por mim,
Desforra as desgraças
Aproveita as venturas
Atola os petulantes
Mas é outro tempo...

Friday, June 03, 2016

À PRINCESA CANHANGA


Assim mesmo
Como amas as flores
Como abelhas mesmo...
Assim é esse amor

Paternal e imortal
Sempre presente
Mesmo na quilometragem da distância!

 
 

Sunday, May 01, 2016

CONTE(n)SÃO


 
Já fui locutor p'ra tua sede de notícias

Em tuas horas cultas fui poeta

Recitei Êça,

Camões e Vigário

Já fiz teatro,

Sátira e Comédia

Até colo emprestei

P'ra lágrimas que não provoquei

Chuva e frio enfrentei

P'ra te ver sorrir

P'ra saciar tuas fomes até exílio tentei

De repente,

Olho atento p'ro espelho,

Do cárcere me liberto

Reencontro-me e grito:

- Jamais!

Chega de patetices

Animador de tuas noites

Não sou mais!

Friday, April 01, 2016

DESAFIO

Descampado maltratado
Inertes comprados
Vezes várias surripiados
                          (à socapa)
Blocos que ergueram outros fogos
"Ó tio, ó tia, são alheios!"

Vieram homens
De braços firmes
Fortes e determinados
Barro e vargem movimentados
Cimento, pedra, ferro, suor
Não tarda
O mato ergue o rosto
Do descampado nova cara!

Tuesday, March 01, 2016

DIAS QUE CORREM

Gosto
De trabalhar
Adaptar-me a ambientes
                       quaisquer
Climas organizacionais
                      quaisquer
            quentes ou frios

Gostaria
De me não viciar,
               de novo
Remetendo-me ao trabalho e à madrinha solidão
                                                                 escrita
Meus melhores recantos
 Faltando de QVL

Monday, February 01, 2016

TORMENTO

É de manhã que mais sinto o tormento
Quando me liberto do ópio e do sono
Quando o pensador ligo
E ele, às voltas,
Vagueia, vagueia
Como canoa ancorada
Da qual se rema
Rema, rema, rema
Sem movimento
No mesmo lugar, eterno
E o pensador, em depressão,
Desiste de pensar
Mas o dia se aproxima
Há decisão a tomar,
Já tardia no calendário juliano
E ligo, de novo, o pensador
Que entra às voltas e desiste
Quanto tormento?!

Friday, January 01, 2016

GRITO RASTEIRO


Brigam herbívoros

Pelejam ébrios no capim rasteiro

Outrora levado ao estômago

Jaz pés, a baixo

Inútil, triturado

E brigam valentes

Poderosos no pensar

Vargem rasteira destroem sem cessar

Até que poeira apenas os cerca

É sede, é fome

Relva escassa,

Pisoteada ao gosto da rebeldia gratuita

Implora-se, suplica-se

Mas ela, relva fresquinha,

Verdinha, ressuscita noutra margem

Noutra vida parida da lassidão do tempo

E ressurgem sorrisos distantes

Enquanto herbívoros famintos padecem...

In Canções ao vento